UM RESUMO INTRODUTÓRIO DA ORIGEM DOS BATISTAS
UM RESUMO INTRODUTÓRIO DA ORIGEM DOS BATISTAS
Referente à origem da denominação Batista, existem três principais teorias, sendo a primeira chamada JJJ ou Jerusalém-Jordão-João, que afirma que os Batistas originam-se de uma linha ininterrupta desde os tempos em que João Batista efetuava seus batismos no rio Jordão. A segunda diz respeito ao parentesco espiritual com os anabatistas do Século XVI. E a terceira é a da origem dos separatistas ingleses do Século XVII, especialmente aqueles que eram congregacionais na eclesiologia e insistiam na necessidade do batismo somente de regenerados, dos que tinham condições de evidenciar a conversão.
Em matéria de doutrina, as igrejas Batistas de hoje suportam razoavelmente um breve comparativo com as igrejas cristãs primitivas. No que diz respeito às doutrinas principais, como a doutrina de Deus, da escritura, de Jesus Cristo, da salvação, da igreja, da organização, liderança e governo eclesiástico, o batismo, sendo compatível nas doutrinas fundamentais e distintivas. Concernente ao procedimento prático, evidencia-se também uma semelhança, principalmente pela simplicidade do culto, na comunhão e na disciplina.
Levanta-se que um dos principais motivos para o progressivo desvio da igreja do padrão inicial, foi decorrente de uma sobreposição dos escritos de homens falíveis, incluindo até os pais da igreja, que acabaram por serem considerados mais relevantes, causando o progressivo distanciamento da norma normans, norma que rege, a Escritura.
O Novo Testamento, os 27 livros, apesar de terem sido reconhecidos oficialmente no século IV, eram respeitados desde o primeiro século, sendo já usados como norma nas igrejas. O novo testamento era o caminho já pavimentado para a conservação dos ensinos de Cristo, porém, houveram aqueles que insistiram na tendência de outros caminhos, fazendo surgir as mais variadas heresias, relacionadas ao episcopado, o sacramentalismo, sacerdotalismo e a doutrina da salvação.
O sacramentalismo, por sua vez, trouxe uma visão equivocada com relação aos sacramentos, afirmando-os como meios de graça. O novo testamento não colabora com esta visão, pois afirma que o único meio de graça deve ser em um relacionamento com Deus por meio de Jesus Cristo.
O sacerdotalismo, tendo como base a ideia errada de graça proveniente dos sacramentos, indica a necessidade de que também houvesse quem os ministrasse, desta forma surge a semelhança do sacerdócio judaico, uma classe de pessoas com prerrogativas sacerdotais exclusivas. Desta forma, os pastores eram os que detinham um nível mais elevado de graça. Neste sentido, é provável que o cristianismo tenha sofrido alguma influência das seitas maniqueístas.
Dentre os mais graves desvios, ressalta-se o ensino da salvação pelas obras em contraste com o ensino claro expressado nas escrituras, no novo testamento, que afirma que a salvação decorre da fé, sendo que as obras são frutos desta realidade. Porém, as pressões externas foram forçando o cristianismo a abrir mão desta verdade. Mais tarde, os pré-reformadores e por último Lutero vão levantar novamente a verdade bíblica da justificação e salvação pela fé.
Em meio a uma crescente transformação da igreja, guiada pelo espírito progressista da doutrina, ainda houve algum nível de resistência a esta corrupção nos primeiros séculos.
Aéreo foi um dos que lideraram a resistência contra a influência do mundanismo. Ele ensinou sobre temas distintivos como a autoridade dos bispos e presbíteros, a reprovação em relação ao oferecimento da ceia aos mortos, sobre o jejum, liberdade cristã e outras que representavam gene das doutrinas antibíblicas.
Joviniano por sua vez se levanta contra as práticas monásticas, uma vez que compreendeu que não colaboraram na observância da doutrina de Cristo. Vigilâncio surge no fim do século IV, apesar de ser doutrinado na visão monástica que concordava Jerônimo, depois de sua experiência em Belém, começou a divergir daqueles ensinos e práticas, e conhecendo os escritos de Joviniano, concordou com eles.
Os Cristãos habitantes das ilhas Britânicas também se mantiveram preservados das mutações sofridas nas igrejas Orientais, sendo um dos mais proeminentes, um chamado Patrício. Patrício e seus seguidores tinham respeito pelas Escrituras, criam na ausência de episcopado diocesano, cria na obra missionária, na humildade e simplicidade de vida e outros. Este movimento pode ter preparado e semeado o que foi então colhido na pré-reforma de Wycliffe e depois a reforma no século XVI.
Diante do que foi desenvolvido, percebe-se claramente dois movimentos distintos, um refletindo um abandono das doutrinas neotestamentárias e o outro visando um esforço no retorno às verdades iniciais. Porém o primeiro movimento vai prevalecer tendo em vista os desdobramentos históricos e sociais, como a perseguição empreendida pela própria igreja institucionalizada em face de movimentos cristãos menores, como também devido ao analfabetismo que marcou a idade média. No que diz respeito a adoração de imagens, no meio da igreja institucionalizada, houveram alguns fortes nomes que se levantaram para manter a igreja livre da influência pagã, porém tanto a igreja oriental quanto a ocidental foram invadidas por uma irresistível influência idolatra por conta das representações sacras, por meio de pinturas e esculturas.
A Igreja Católica não era a representante absoluta de todo o cristianismo presente, existiam alguns outros grupos cristãos que diferente do que aconteceu com a Igreja Romana ainda preservou algum nível de doutrina neotestamentária. Pessoas como Cláudio de Turim, Berengário de Tours, Pedro de Bruys, Henrique de Lausanne, Pedro Valdo e posteriormente os seus Valdenses, João Wycliffe, João Huss e muitos outros que resistiram e reagiram contra as corrupções da igreja romana, eram como luzeiros nas trevas para um retorno ao cristianismo primitivo. Nesta linhagem, que Deus preservou que originam-se os Batistas.
É de conhecimento até de autores católicos que a situação da igreja romana era caótica, e em meio a este caos religioso e político que surge Martinho Lutero, com um espírito zeloso em respeito às verdades bíblicas, indignado com várias questões, intentou levar a Igreja Romana a uma correção, porém, diante da rejeição do papa, seguiu com um forte rompimento com a igreja institucionalizada. Este rompimento provocado por Lutero foi colossalmente importante, resgatou a essência do evangelho, conforme afirma a tese 62, quando afirma que o verdadeiro tesouro da Igreja é o Santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus. Entretanto outras questões ainda vão carecer de uma melhor reflexão a luz da escritura. O que ocorrerá mais adiante nos desdobramentos históricos. Zuínglio assumirá este papel de dar continuidade a reforma de alguns outros aspectos da religião cristã, porém ainda restaria alguns aspectos que iriam necessitar de ajuste.
Diante do Panorama histórico que tinham como atores a Igreja Católica Romana e os movimentos que surgiram da reforma, luteranos e Zwinglianos, surgem também vários outros movimentos que de forma geral são classificados como anabatistas, um movimento radical que não se conformou com a reforma promovida por Lutero e Zwinglio, eles acreditavam que essa reforma foi incompleta.
O movimento anabatista recebia esta designação de forma genérica apenas pelo fato de ter um costume de rebatizar, porém dentro dessa designação geral provavelmente existiam grupos distintos e ficava difícil em um primeiro momento saber e distinguir quais são eles. Os anabatistas no sentido puro vão se distinguir de forma especial dentro dessa genérica designação, principalmente pela questão de batizar somente regenerados, pela ideia de igreja autônoma e livre, pela forma da ceia e pela ênfase na autoridade da escritura. Dessa forma os anabatistas vão surgir de certa forma como o movimento que mais vai fazer referência a igreja no primeiro século. Sua origem é incerta, mas possivelmente influenciada por movimentos como os Valdenses, os pré-reformadores e até os reformadores.
Entre os anabatistas surgiram grandes nomes que o representaram de forma coerente, porém, sua história foi alvo de manchas, como é o caso da revolta de Münster, sendo uma caricatura do movimento anabatista, que era essencialmente pacífico”. Em meio a má compreensão, o movimento, embora pacifico, sofreu perseguição e rejeição. Os anabatistas sofreram perseguição por suas posições religiosas e sociais e foram obrigados a fugir de uma parte a outra na Europa, em busca de regiões onde fossem tolerados.
Na Inglaterra, havia uma situação religiosa bem confusa, neste meio tempo, surge um movimento divergente da igreja Anglicana, os separatista que queriam uma separação entre a Igreja e o Estado, entre estes havia os puritanos e outros movimentos com o mesmo ideal. Provenientes destes separatistas surgem outros dois movimentos: os Batistas gerais e particulares. Um primeiro nome importante neste meio é o de John Smyth, que liderou um movimento que se desvinculou até dos separatistas ingleses e deu forte ênfase ao batismo apenas de regenerados.
Thomas Helwys era um dos companheiros de Smyth, que devido a divergência quanto à intenção de Smyth em associar-se com os anabatistas menonitas, se separou de Smyth. Desta forma, Helwys com uma liderança mais coerente vai dar origem às igrejas ditas gerais, pois admitiam a redenção geral dos homens, caso cressem.
Os Batistas Particulares por sua vez, embora tendo um relato histórico posterior, originam-se também dos separatistas ingleses, sendo que adotam uma vertente teológica calvinista, diferente dos gerais. Estes não tinham, a princípio, influência anabatista, conforme evidenciamos no livro “The Baptist Story” que informa que quando as primeiras igrejas Batistas particulares emitiram uma confissão de fé em 1644 que delineou suas crenças teológicas, eles declararam na página de título, que eles eram "comumente (embora falsamente) chamados de anabatistas". Eles claramente queriam se dissociar totalmente do espectro do anabatismo.
Estes Batistas tiveram como nome e um dos mais importantes pregadores, John Bunyan, que representou bem o espírito Batista, no sentido de reconhecer a bíblia como regra de fé e prática. Os Batistas particulares embora devesse o seu declínio posterior a uma visão equivocada do calvinismo, ainda sim foram os precursores das missões modernas liderados por William Carey.
Na América do Norte, recém povoada pelos chamados Pais Peregrinos, que criaram uma fria teocracia opressora, recebe também um grande nome na linha espiritual Batista, Roger Williams que, embora tenha ficado confuso no final de seu ministério quanto ao batismo, ainda levou a termo várias questões importantes para os Batistas. Além deste, o Dr. John Clarke, cuja igreja também pode ter sido uma das primeiras, seguiu as mesmas convicções de Williams. Os Batistas norte americanos foram muito influentes, apesar das perseguições, tem seu reconhecimento até mesmo na formação da constituição norte americana.
Referente a obra missionária moderna, teve seu começo de fato com os congregacionais, por meio do casal Judson que posteriormente se encontrariam com Carey. Eles ao refletirem no batismo acabaram adotando o ideal Batista, sendo por conseguinte batizados. Neste tempo devido a conflitos políticos da guerra com a Inglaterra, as igrejas norte americanas estavam em um estado de pobreza, além de estarem espalhadas, porém responderam bem aos apelos para o sustento das missões. Outro missionário congregacional chamado Luther Rice, enfrentou o mesmo problema sobre o batismo que o casal Judson.
O trabalho Batista em solo brasileiro foi mais bem sucedido com os casais Bagby, os Taylor e os Albuquerque, que fundaram a Primeira Igreja Batista da Bahia em 15 de outubro de 1882, e em 24 de agosto de 1884 a Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro. Depois vieram igrejas Batistas em Maceió e no Recife, no período de quatro anos. Um dos segredos do progresso e crescimento Batista no Brasil está no trabalho dos leigos.
No decurso dos anos, especificamente em 1907 surge então a instituição que possibilitaria, de forma mais eficiente, a promoção da obra missionária Batista, a convenção Batista Brasileira, que criaria a Junta de missões mundiais, nacionais e da casa publicadora, instituições de grande valor para os Batistas.
Pelo exemplo pioneiro de William Carey, os Batistas, tanto brasileiros quanto estrangeiros são caracterizados acima de tudo como os que mais tem valorizado o trabalho missionário, de forma que esta é a grande paixão, que moveu muitos missionários que pisaram neste solo “tupiniquim”. Estes Batistas receberam de Deus uma forte convicção da pureza doutrinária e da autoridade da Escritura, lançando-se no mundo com o propósito de levar esta alegre boa notícia a todos os povos. A história dos Batistas é um esforço pelo retorno aos princípios neotestamentários. Não é só a história dos Batistas, antes porém, a história da igreja, uma clara evidência de que Deus sempre preservou um galho viçoso de seu verdadeiro Israel.
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